O Princípio de um Espectáculo com José António Tenente

No seguimento dos encontros que o ano passado tivemos com Luis Miguel Cintra e Bruno Bravo, este ano convidamos criadores de teatro a falar sobre as suas metodologias e as ideias.

José António Tenente é um dos mais activos figurinistas portugueses, cúmplice de um conjunto tão variado quanto extenso de criadores, convidamo-lo para falar em CRETA sobre o que é o princípio de um espectáculo.

A conversa será moderada pela actriz Nídia Roque.

Sobre José António Tenente

Estilista português, nasceu em 1966, em Cascais, e, aos 17 anos, ingressou na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa para estudar arquitetura, mas, influenciado por um professor de artes, acabou por trocar este curso por um de design de Moda no Citem. Acabou o curso em 1986 e, de imediato, fez um estágio no gabinete de Ana Salazar, onde começou a dar mostras de grande talento. O seu estilo é, como o próprio o define, composto por linhas clássicas e corte tradicional, com a particularidade de as peças serem separadas, sem pensar em combinações. Tenente diz-se influenciado pelo imaginário romântico, relacionado com as músicas e leituras preferidas, normalmente calmas e pacíficas. No final de 1986 conseguiu apresentar a sua primeira coleção, intitulada “Cordas e Metais” inverno 86/87, no Teatro Ibérico, em Lisboa, e ainda foi a tempo de participar nas Manobras de maio, um evento de promoção da moda e de novos valores. Nos anos seguintes, apresentou com regularidade os seus trabalhos, desenhados no seu atelier de Cascais, e atingiu a internacionalização, em 1988, ao participar na Bienal de Jovens Criadores do Mediterrâneo, que decorreu na cidade italiana de Bolonha. O ano de 1990 ficou marcado pela inauguração da loja com o seu nome, na Rua do Carmo, em Lisboa, onde comercializa vestuário, malhas, sapatos, acessórios e fatos de banho. Participou também na exposição “Traje, um Objeto de Arte?”, que decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1991, continuou a apresentar as suas coleções no estrangeiro, com destaque para Paris e Dusseldorf. Em 1992, alargou a sua gama de produtos e, paralelamente às suas propostas em termos de roupa, lançou a coleção de sapatos e acessórios “Tenente por Pinto de Oliveira”. Nesse mesmo ano, foi convidado a integrar a exposição itinerante organizada pelo Instituto do Comércio Externo Português que, sob o título “Tradição e Qualidade”, passou por Paris, Amesterdão, Londres e Copenhaga. Daí para a frente, sucederam-se participações em festivais e mostras no estrangeiro, além de ser presença assídua em certames conceituados portugueses como o Portugal Fashion, o Moda Lisboa e o Porto Moda. Em 1997, venceu o concurso “Conceção das fardas para os funcionários e colaboradores da Expo’98”, em parceria com Maria Gambina.
Foi eleito, em 1998, o “Criador do Ano”, no âmbito dos prémios Look, a “Personalidade do Ano – Moda”, nos Globos de Ouro 97, e “Estilista do Ano” – troféu atribuído pela revista Nova Gente. Paralelamente à sua atividade de designer de roupas para o dia a dia, faz também figurinos para teatro e dança. Desenhou roupas para as peças Rei Lear, de Shakespeare, levada à cena pelo Teatro Experimental de Cascais, em 1990, A mais forte, de Strindberg, representada, em 1991, no Teatro da Trindade, em Lisboa, entre outras. No âmbito da dança colaborou nos figurinos de diversos espetáculos, com predominância para os apresentados pelo Ballet Gulbenkian. Por fim, Tenente dedica-se também a desenvolver a imagem de diversos artistas na televisão portuguesa, como foi o caso de Bárbara Guimarães no programa da SIC “Chuva de Estrelas” e do cantor Miguel Ângelo, quando este apresentava “Miguel Ângelo ao Vivo”. Foi ainda responsável pela imagem da cantora dos Madredeus, Teresa Salgueiro.

Na Quinta da Cruz, Viseu