Espetáculo e Laboratório de Teatro
País das canções de embalar
Uma assistente de bordo guia-nos para uma viagem e pede para nos esquecermos. Duas mulheres. Um músico. Uma travessia em barco à vela. O local de encontro no meio do Oceano Atlântico: São Miguel. Querem sonhar uma mulher e impô-la à realidade.
Entre quem age e quem narra, entre o autor no texto e o autor do texto surge um conflito e a narradora perde o controlo da linguagem à medida que o texto prolifera. A história que queria ter contado era a história de um cão de água português que, por razões que desconhece, foi-lhe impossível dizer.
O dispositivo cénico joga com as questões que se abrem na busca de uma identidade, quer seja a identidade de Vítor, de um país, de uma cidade ou de um cão: e se a diferenciação entre eu e tu fosse impossível? E se a certeza e autenticidade de um “eu” já não se constituísse como problema?
Fechar os olhos e ver. Embalar o sono para se esquecer de si, para tecer uma rede de embalar em que repousam as palavras. Lugares de imaginação onde ecoam canções de embalar que evocam interrogações.
Por outro lado, é preciso não esquecer que uma canção de embalar, com as suas repetições hipnóticas, pode cristalizar-se numa canção moralizante e unívoca, adormecendo literalmente as consciências dos vivos, fazendo esquecer a violência.
“A minha autobiografia é sempre a história de vida de outra pessoa.”
David Antunes, Nós, Os Animais, 2013.

Criação: Projeto Ariadne
Com: Carlos Sério, Daniela Silva e Vânia Geraz
Texto: Daniela Silva e Vânia Geraz
Músicas: Melodia e letra – Vânia Geraz Composição – António Neves da Silva e Carlos Sério
Direção e produção: Vânia Geraz
Desenho de som: Carlos Sério
Desenho de luz: Rui Seabra
Conceção do espaço cénico e figurinos: Ângela C., Daniela Silva e Vânia Geraz
Design gráfico: Pedro Fonte
Coprodução: Teatro do Noroeste – CDV e Creta – Laboratório de Criação Teatral
Com o apoio: Fundação GDA e DGARTES
Agradecimentos: Emília Amorim, Companhia Olga Roriz e Oficina Impossível
M/12