Recital de Poesia
Ocupamos lugares transparentes
Poemas de
Maria
Gabriela Llansol
Quando
6 Dezembro, 2020
Diáfano.
Vítreo.
Hialino.
Confesso-vos que às vezes trocava o verde de um semáforo e dizia:“vai ficar azul”. Não sei se seria engano ou se acreditava que seria possível mudar as cores do mundo. Dizia-o com tanta convicção que um dia parada num semáforo disse em voz alta “Vai ficar azul”. E ficou. Já acreditava que se pedisse muito uma coisa ela acontecia, assim passei a acreditar mais que o mundo nos deixa seguir em frente quando sonhamos em azul.
Neste momento é tarde e tiro o chapéu que coloquei há pouco na cabeça. Assim, consigo alcançar Maria Gabriela Lhansol com maior perspectiva, desprotegendo-me. Descubro na sombra a transparência da sua grandeza. Há sonho, misticismo, liberdade, encantamento e vida, ou melhor, muitas vidas. Assim o é, não incolor, mas transparente. Aqui, Lhansol se mistura numa só cor, entre nós e entre as suas palavras libertando-nos. Ultimamente, quando me deito Lhansol fica a tracejar os meus pensamentos. Nunca me apareceu num sonho, o que sobrou mais espaço para a imaginação. E ao dar voz a frases suas, levanto-me entre os meus vários corpos e espero-a num transparente azul. Talvez.
“Principiava
Esse peso por ser levíssimo mas, se esperasse, um olho
Azul precioso abrir-se-ia. Era o desenho da palavra."
Maria Gabriela Lhansol
– Gi da Conceição
Sobre Gi da Conceição
Gi da Conceição (Liliana Rodrigues) é natural de S. Pedro do Sul (1986) e licenciada em Teatro e Educação pela Escola Superior de Educação de Coimbra.
É Directora Artística da Companhia de Teatro Perro (desde 2017), docente do curso Artes do Espectáculo / Interpretação da EPTOLIVA (desde 2017), formadora do Instituto de Emprego e Formação Profissional (desde 2016).
Como encenadora assinou as criações Germana, a begónia, Passagens secretas, Casa de hóspedes, Prosopopeia do Vinho e CICARE.
Tem em funcionamento Oficina de Teatro em Tábua, São Pedro do Sul e Guarda.
Como atriz participou, por exemplo, em Madalena (2020, Teatro Viriato – TNDMII/ Sara de Castro), Conta-me como foi (6ª temporada, 2019/ RTP), Maio (2019 – videoclipe de Luís Severo), Borralho (2019, Teatro Experimental do Porto/ Gonçalo Amorim), Do Demo (2016, Teatro Viriato/ Nuno Cardoso), Esta noite improvisa-se e Baal (2015, Teatro Expandido/ João Sousa Cardoso), Espanca – Eu não sou de ninguém (2015, Conservatório de Voz e Artes Performativas do Porto/ João Miguel Mota), Heaven ou Ainda: Tu (2013, Teatro Viriato/ André Mesquita), Que o Diabo seja Cego, Surdo e Mudo (2011, ESEC/ André Paes Leme), Tomai lá do O’neill (2011, ESEC/ Filomena Oliveira), A Comédia do Verdadeiro Santo António que Livrou seu Pai da Morte em Lisboa (2007, GEFAC).
Aprendeu, entre outros, com António Fonseca, Manuel Guerra, Clóvis Levi, António Mercado, Ricardo Correia, Miguel Seabra, Nuno M. Cardoso, Hélène Beauchamp, Simoni Boer, João Henriques, Nuno Cardoso, José Rui Martins, André Paes Leme, Filomena Oliveira, João Sousa Cardoso, António Simão, Jaime Gralheiro. Contracenou com Carla Chambel, Luís Ganito, Daniel Martinho, Adelaide Teixeira, Ana Brandão, Carla Galvão, Crista Alfaiate, Madalena Almeida e Paula Só, Anabela Brígida.