Recital de Poesia
Um passo
Inspirado pelo universo de Beckett, este recital surge a partir da obra deste autor e da noção de “desolação”.
Pois bem, estamos num local árido, onde a vida parece não prosperar – mas próximo de um “oásis” -, e vemos uma personagem numa cadeira, da qual não sai. Não consegue sair, não quer sair, não a deixam sair…? Bom, o que sabemos é que tem consigo uma pequena mala: um kit de sobrevivência. Trancado, convém referir.
A chave está precisamente a um passo. O suficiente para se deixar cair da cadeira e apanhá-la. Não o faz. É permanentemente confrontada com essa possibilidade e não o faz.
Fruto de um problema de comunicação (ou “transtorno” de comunicação, dependendo do grau de seriedade com que queiramos encarar a questão), todo o seu discurso é uma tentativa de criação de diálogo com um objeto que nunca lhe irá verdadeiramente responder.
E quanto ao que poderá vir a seguir a este aparente “desespero tranquilo”, Beckett deu-nos uma ou outra pista: “When you’re in the shit up to your neck, there’s nothing left to do but sing.”!
– Joana Martins
Sobre Joana Martins
Viseu, 1994. Joana Martins é intérprete e criadora de teatro, e docente de expressão dramática.
Em 2015, licenciou-se em Teatro e Artes Performativas, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, onde trabalhou com encenadores como Filipe Crawford e Marcantónio del Carlo. Em 2017, tornou-se mestre em Teatro – especialização em Encenação e Interpretação – pela Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, onde desenvolveu o seu projeto de investigação “La Petite Mort”, uma cocriação com Diogo Freitas, sobre o silêncio como material cénico.
Co-fundou a estrutura colaborativa BANQUETE, de investigação e criação multidisciplinar em artes, da qual é investigadora e criadora associada.
Para televisão, já fez alguns trabalhos em publicidade e co-apresentou o programa “MTV Back to School” (2016).
Participou na websérie “Diários de uma Quarentena” (de Diogo Freitas e Filipe Gouveia, 2020) e em alguns videoclips.
Em Teatro, fez os seguintes trabalhos: “Isto não é uma praxe” (de Marcantónio del Carlo, 2014), “AD LUCEM…” (criação coletiva: BANQUETE, 2019), “VERSA” (criação coletiva: BANQUETE, 2019), “Os Guardas do Museu de Bagdad” (a partir da peça de José Peixoto, com encenação de Graeme Pulleyn), com os formatos de leitura encenada (2019), espetáculo oficina (2019) e espetáculo (2020), “Democracy Has Been Detected” (de Diogo Freitas e Filipe Gouveia, 2020), “Esperar até Abril é morrer” (de Gabriel Gomes, 2020), “Dilúvio” (de Diogo Freitas e Filipe Gouveia, 2020) e o projeto “Diálogos” (criação com Joana Pupo, 2020).