Rosa,

Não me sai da cabeça a ideia da espiral desenhada com delicadeza a fio e agulha. Foi a Rosa quem me falou disso, como exercício de iniciação à costura. Tento decifrar de que forma nos ensina uma espiral a fazer um casaco, ou umas calças, ou um vestido. Tento imaginar que vestígio de espiral trago cobrindo o meu corpo.

No outro dia falávamos dos princípios de um vestido; da forma como saber isso pode enriquecer aquilo que se constrói num palco: fazer com que se olhe para a roupa como quem olha para conceitos; ler a roupa como um texto, ou, como aprendemos a chamar aos textos, como composição. Gostava de aprofundar estas ideias. Será possível recuperar essa consciência sobre o que vestimos – especialmente, sobre o que vestimos em palco?

Rosa, neste momento é como se para cada peça de roupa houvesse um segredo, qualquer coisa que anima esse elemento. Neste momento, esse segredo é uma espiral feita com delicadeza a fio e agulha. Mas estarei certo?

Peço-lhe que me ensine a essência de um vestido.

Um abraço,
Guilherme

*Dia 18 de Maio e 1 de Junho de 2019 acontece a Oficina de Figurino: O Princípio de um Vestido.