CRETA tem como subtítulo laboratório de criação teatral, porque pretende ser um projecto com as características de um laboratório, isto é, um lugar de experimentação e descoberta”, é desta maneira que Guilherme Gomes, membro do Teatro da Cidade, director do projecto, apresenta CRETA – laboratório de criação teatral, promovido pelo Teatro da Cidade e apoiado pelo Município de Viseu, através do plano VISEU CULTURA. Até ao final de 2019, CRETA apresenta espectáculos de teatro, recitais de poesia, oficinas de figurinos, encenação, e produção, clubes de leitura, e encontros-debate, cumprindo os vectores a que o Município de Viseu procura responder “programação, criação e formação”, como reforçou Jorge Sobrado, vereador da cultura do Município de Viseu, que acrescenta que “não há ambientes culturais saudáveis que sejam fechados, um ambiente cultural e artístico estimulante é um lugar de diálogo, aberto. Para usar a metáfora em que assenta o projecto CRETA, é um labirinto com entradas e saídas, ou, pelo menos, soluções”. Desta forma, para além de actores locais, CRETA convida criadores que não estão sediados em Viseu a dialogar com a cidade. É o caso da companhia Primeiros Sintomas, uma companhia de teatro sediada em Lisboa, com um percurso sólido, afirmando-se como uma das companhias de referência da actualidade, que apresentará em Viseu, no mês de Outubro, o espectáculo “A História Assombrosa de Como o Capitão Michel Albam Perdeu o seu Braço”, do Polo Cultural das Gaivotas e Espaço Alkantara, que orientarão uma Oficina de Produção na segunda metade do ano, e de Luis Miguel Cintra, que está em Viseu para criar o primeiro espectáculo produzido pelo projecto CRETA, “Ermafrodite”, um espectáculo-conferência sobre o casamento, com textos de Camilo Castelo Branco, colados pelo próprio Luis Miguel Cintra. O espectáculo estreia no dia 27 de junho, na Incubadora do Centro Histórico, em Viseu.

Jorge Sobrado sublinhou ainda que este projecto parece derrubar as fronteiras entre o público e o teatro, convidando o público a dialogar com os criadores, ou os bastidores da criação. “CRETA é um projecto teatral indirectamente, uma vez que pretende contribuir para enriquecer o caminho que leva à criação de um espectáculo, mais ainda do que fazer espectáculos, tentar com isso contrariar a mediocridade que se vai sentindo um pouco por todo o lado. Não que saibamos fazer algo melhor, mas confiando que através do diálogo podemos chegar a essa solução”, confirma Guilherme Gomes, na véspera do primeiro clube de leitura, em que se abordará a obra do dramaturgo August Stindberg. “Formam-se criadores, mas também se forma público”, comenta o vereador.

A primeira manifestação de CRETA aconteceu em Maio, com o recital dedicado à obra de Ruy Belo; o mês de Junho fica marcado pela estreia de “Ermafrodite”, encenado por Luis Miguel Cintra; em Julho CRETA marcará presença no festival Mescla, promovido pelo Município de Viseu; para além das actividades regulares, Setembro destaca-se pelo segundo recital de poesia, dedicado às palavras de Bernardim Ribeiro; em Outubro promove-se a ida da companhia Primeiros Sintomas a Viseu; Novembro é o mês do terceiro recital de poesia, dedicado ao período Romântico; em Dezembro estreiam-se duas criações de CRETA: “lamento de ĉiela”, com texto e encenação de Guilherme Gomes; e “Península”, uma criação de Sofia Moura.

© Texto de Guilherme Gomes. Fotografias de Luís Belo